Uso diário de cannabis pode aumentar risco de câncer de cabeça e pescoço, indica estudo

Uma pesquisa publicada na renomada JAMA Otolaryngology — Head & Neck Surgery trouxe à tona uma preocupação significativa para os usuários diários de cannabis. De acordo com os dados, o uso frequente da substância pode elevar em até cinco vezes o risco de desenvolver cânceres na região da cabeça e pescoço. Os pesquisadores acreditam que o principal fator por trás desse aumento é o impacto nocivo da fumaça de cannabis.

Os cânceres de cabeça e pescoço abrangem uma variedade de tipos, afetando áreas como boca, faringe, laringe, orofaringe (que inclui a língua, amígdalas e a parede posterior da garganta), além das glândulas salivares. O estudo observou que indivíduos com transtorno de uso de cannabis apresentavam taxas mais altas de incidência de todos esses tipos de câncer

Um dos aspectos críticos destacados pelos cientistas é que, ao contrário do cigarro, a cannabis não utiliza filtros, o que resulta em uma inalação mais profunda e, potencialmente, mais prejudicial. Além disso, a temperatura de combustão da cannabis é maior do que a do tabaco, o que pode contribuir para um aumento no risco de inflamações que desencadeiam o câncer.

O estudo aponta que a fumaça de cannabis pode ser ainda mais pró-inflamatória do que a de tabaco, sugerindo uma associação potencial entre o uso da droga e o desenvolvimento de câncer por meio de vias inflamatórias ativadas pela inalação da fumaça. Essa descoberta foi baseada em 20 anos de dados coletados de uma rede de 64 organizações de saúde, representando mais de 90 milhões de indivíduos. Os casos de câncer foram monitorados de um a cinco anos após o início do uso da cannabis.

É importante notar que, embora o estudo destaque os riscos associados ao uso recreativo da cannabis, a pesquisa também reconhece o potencial terapêutico da cannabis medicinal, particularmente das versões sem a substância psicoativa THC. Esses derivados da cannabis têm demonstrado eficácia no alívio da dor associada ao câncer e no tratamento de condições como o câncer de pele.

Assim, enquanto os riscos relacionados ao consumo diário de cannabis devem ser levados em consideração, especialmente no que se refere ao câncer de cabeça e pescoço, o uso medicinal controlado da planta pode continuar a ser uma ferramenta valiosa no tratamento oncológico.

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