Bahia: Praga da cochonilha é desafio para os produtores de palma

Programa estadual orienta agricultores sobre medidas que inibem novos focos

Por Laura Pita*

Imagem ilustrativa da imagem Praga da cochonilha é desafio para os produtores de palma
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Produtores dos municípios de Jussara e São Miguel, no semiárido baiano, detectaram novos focos da cochonilha do carmim, praga que ataca a palma forrageira. Descobertos em fevereiro deste ano, os novos casos foram os primeiros detectados no Território de Identidade de Irecê, de acordo com o programa de Prevenção e Controle da Cochonilha do Carmim da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (ADAB). Para mitigar os novos focos, a ADAB recomenda o isolamento e queima da área, além da substituição das espécies de palma nas plantações.“No Semiárido da Bahia são cultivadas duas espécies de palma forrageira, a Opuntiae fícus-indica Mill e a Nopalea cochenillifera Salm Dyck. A palma forrageira tem fundamental importância na alimentação dos rebanhos bovinos, caprinos e ovinos, principalmente nos períodos de secas prolongadas, sendo uma das poucas forragens que continua viável em épocas críticas de estiagem”, explica Albany Leite Lopes, coordenador do programa Prevenção e Controle da Cochonilha do Carmim.

A cochonilha do carmim ataca exclusivamente a palma forrageira. “A cochonilha do carmim, com nome científico Dactylopios opuntiae Cokerell, atinge a palma forrageira para se alimentar. A praga forma colônias na raquete de palma e suga a seiva da palma, injetando toxinas”, explica Albany.

“Isso resulta no amarelecimento das raquetes, que se desprendem da planta, podendo levar à morte das mesmas. Como uma única fêmea pode depositar entre 450 e 600 ovos, a população pode crescer rapidamente, especialmente durante a seca, causando um enorme desgaste fisiológico nas plantas, esclarece Carlos Gava, pesquisador da Embrapa Semiárido.

Fácil identificação

A praga é de fácil identificação, segundo Carlos Gava. “O sintoma mais fácil de identificar é a presença de fêmeas formando colônias sobre as raquetes da palma. Elas aparecem como pequenas bolinhas brancas semelhantes a algodão e produzem um líquido arroxeado quando esmagadas. Esse pigmento, ácido carmínico, é utilizado industrialmente na produção de alimentos e na tecelagem. Embora a produção comercial do carmim seja relevante em diversas regiões do mundo, uma outra espécie de cochonilha é utilizada para esse fim, razão pela qual a Dactylopius opuntiae é chamada de falsa cochonilha do carmim”.

“Sou produtor de bovinos, uso a palma na alimentação do rebanho e também como estratégia nos períodos secos. Em fevereiro, um dos meus funcionários viu a palma ficando branca e achou estranho, por isso me avisou. Como foi a primeira vez que eu vi a praga, eu não a conhecia. Precisei me informar com um técnico, que me indicou o que era para ser feito, além do perigo da cochonilha”, expõe Rege Marcos, proprietário da fazenda Macambira.

Ações de combate

A forma mais adequada para se conviver com a praga é a substituição de espécies, ressalta Albany Leite. “A praga cochonilha do carmim só ataca a palma Opuntia fícus-indica Mill, cultivares gigante ou redonda, que é a espécie mais cultivada na Bahia. Porém, a Nopalea cochenillifera Salm Duck, cuja espécie é a palma Miúda ou Doce, é resistente ao ataque da cochonilha do carmim, podendo ser cultivada sem sofrer danos da praga.

*Sob supervisão da editora Cassandra Barteló